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Conheça o Café Branco do Barulhista

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Nascido em 1981, GA passou por diversas bandas até decidir que faria música sozinho. Um laptop, objetos e instrumentos é o que ele precisou para criar todo seu universo musical Barulhista. Não me lembro quando foi a primeira vez que ouvi falar dele, acho que foi mais ou menos na mesma época que despontou o Psilosamples. Que fase maravilhosa essa onde a música mineira dá novos nortes a música eletrônica brasileira. Se o Psilosamples me chamou atenção pela aleatoriedade, Barulhista me conquistou pelo sentimento. É praticamente impossível ouvir suas canções e não se sentir imerso em suas trilhas, é como um teatro sem a necessidade de atores.

Figurinha carimbada nos meus podcasts, Barulhista já esteve nos Strange Half-hours 07, 19 e 21, aos amigos digo, acordar e ouvir sua música é garantia de um bom dia. Uma outra palavra que pode definir o seu trabalho é: prolífico. De 2008 até agora já são 10 compilações lançadas pelo artista, todas elas disponíveis e muito bem organizadas no Bandcamp dele. Prolífico também no sentido de enveredar-se por diversos outros projetos sonoros (como exemplo, GA toca sanfona e eletrônicos na classuda banda instrumental Constantina) e também literários. Sobre a literatura além de seu livro que está no forno, basta ver as duas excelentes entrevistas dele que rolaram no Altnewspaper. Barulhista faz com as palavras aquilo que faz com som.

Seu novo EP “Café Branco” está no ar desde 28 de junho e vem repercutindo muito bem na mídia musical. A música Nonada, ganhou inclusive um clipe produzido e dirigido pelo neems que você pode conferir mais abaixo. Aproveitei esse momento para fazer algumas simples perguntas ao Barulhista confira aí:

Sempre ouvimos que é duro ser músico no Brasil, é fácil ser Barulhista?

A regra número 34 do mosteiro de São Bento e o título do último disco do Meira diz: É proibido resmungar. É duro e, por isso mesmo, é ótimo ser músico neste país. Se por um lado o músico sofre com os preços do instrumentos e a já conhecida desvalorização de sua ação como trabalho, por outro chove ferramentas (ritmos, timbres, etc.), Babilak Bah não me deixa mentir. Sem dificuldades quanto a ser barulhista, no passado este não era um bom adjetivo. Acredito que fazer músicas, para dançar sentado (aka trilha sonora), partindo de sons comuns deixa os timbres mais próximos do que ouvimos em casa e pela rua.

Para você, a música vem do silêncio ou do ruído?

Ela vem do silêncio, dobra a esquina, tropeça e vai para o ruído. Você desce de um ônibus, pisa na calçada e percebe que o que ficou pra trás ainda faz parte desse ambiente. No fundo escutamos uma única música com andamentos diferentes. “Todo silêncio está grávido de som” e algumas ideias acabam por desviar desse trajeto, avançam sem perceber de onde vieram. A maior parte do que ouvimos é ruído, o centro da cidade por exemplo, a estrutura é simples: Utilizar os sons para fins musicais.

Qual é o peso de Minas Gerais no seu processo de criação?

Sofro de desterritorialização aguda.

Você sempre disponibilizou o seu trabalho na internet, como você avalia o resultado disso?

Tive uma conversa sobre isso com a Karen Piper, na época que ela trabalhava no BandCamp, ela dizia que ainda precisamos nos fazer ouvir principalmente onde há mais ouvidos apontados para nossa música. Sempre há ouvidos apontados, a internet é a ferramenta ideal para descobrir esses ouvidos. Tudo o que consegui até hoje foi gráças a esse meio, é a maneira mais eficaz de se fazer ouvir.

Você pode conhecer mais e se manter atualizado sobre o trabalho dele no www.barulhista.com. Agora nos resta batalhar e conseguir alguma forma de trazer uma apresentação dele aqui para perto, espero que ocorra em breve.

P.s.: A arte da capa deste EP é de Ivana Almeida.


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